Atacama: Valle de la Luna e o Valle de la Muerte
O nosso segundo passeio no Atacama foi para conhecer o Valle de la Luna e o Valle de la Muerte, no mesmo dia em que fomos passear nas Lagunas Escondidas.
Você pode falar em português Vale da Lua e o Vale da Morte ou espanhol porque os guias e as agências receptivas do Atacama vão entender. Assim é no destino, dá para viajar ao Atacama sem saber falar espanhol.
Nesse passeio visitamos algumas das principais atrações do deserto do Atacama: Cordilheira do Sal, as Três Marias e o Mirador de Kari. Fizemos uma caminhada para ter uma vista privilegiada do Anfiteatro do Valle de la Luna e assistimos a um pôr do sol incrível para encerrar o dia.
Então continue lendo e descubra um pouco mais sobre esse passeio imperdível. Anote as dicas e conheça a história do cãopanheiro que tivemos em uma das trilhas.
Se preferir assistir, temos um vídeo no nosso canal no youtube. Aproveita e se inscreve no canal 😉
Ah, se você ainda não sabe onde se hospedar, leia o nosso post Onde ficar en San Pedro de Atacama, porque lá nós damos dicas de qual região da cidade é melhor ficar e indicamos alguns hotéis bons e bem localizados.
A caminho do Valle de la Luna
Lá pelas 16h o guia Francisco (Chico), da agência Araya Atacama, passou na nossa hospedagem Hostal Lackuntur para nos pegar. Contratamos o tour privado, pois estávamos em quatro pessoas, nós e os amigos do blog Tá na minha Rota, e foi uma ótima escolha.
Esse passeio é feito somente a tarde e costuma sair nesse horário por conta do calor que faz no deserto do Atacama. E mesmo assim ainda é muito quente.
O guia Chico, assim como os outros guias da Araya, foi super simpático, atencioso, preocupado com nossa segurança e conforto.
Fomos recebidos com um “Boa tarde!!” com um acentuado sotaque espanhol de quem está aprendendo português. Nós estávamos cansados e ele tentou animar pra espantar a preguiça pós-almoço.
E lá fomos nós pela bem asfaltada Ruta 23 por 1,6 km e depois por mais uns 4 km em uma estrada não muito boa.
O caminho de San Pedro até o Valle de la Luna foi bem rápido, levamos em torno de 15 minutos mais ou menos.
Esse é um dos passeios que dá para fazer por conta própria saindo de San Pedro de Atacama, pois é bem perto e não tem perigo de se perder no deserto.
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O Chico foi até o centro de informações na entrada do parque do Valle de la Luna para pagar pelos nossos ingressos enquanto nós ficamos fotografando a entrada do parque.
Nesse centro de informações pagamos uma taxa de 4.000 pesos por pessoa. E aqui encontramos alguns ônibus de excursão, carros, motos, bicicletas e gente indo a pé. Por isso, achamos que o lugar estaria muito cheio, mas o parque é grande e quase não encontramos com essas pessoas lá dentro.
Valle de la Luna
O nome do lugar é bem óbvio. A paisagem e as formações rochosas de origem tectônica, moldada por milhões de anos por erosões fluviais e eólicas, lembram a superfície da lua. Enquanto não dá para viajar a lua, você pode ter uma experiência de ver uma paisagem similar bem pertinho de San Pedro de Atacama.
Nosso super guia Chico sabe o horário que as pessoas chegam ao parque e a ordem que visitavam os atrativos, então ele fez conosco um roteiro diferente para que conseguíssemos visitar os lugares no momento mais vazio possível.
Eu não sei vocês, mas com a gente sempre acontecem coisas muito interessantes nas viagens e quando contamos, muitos duvidam. Mas não tem problema, pois até nós ficamos na dúvida se aquilo realmente aconteceu. E não seria diferente dessa vez, né.
Então, continue a leitura para descobrir o que aconteceu dessa vez.
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Cordilheira do Sal
Nossa primeira parada dentro do parque do Valle de la Luna foi na Cordilheira do Sal. Nesse pequeno trajeto já dá para perceber que a paisagem impressiona, com os paredões e sua cor marrom avermelhado.
Descemos do carro e fomos seguindo o guia. No chão sentimos uma areia fofa, como de praia, que nos fazia andar mais devagar e apreciar tudo ao nosso redor.
Aqui estávamos a uma altitude aproximada de 2.400 metros em relação ao nível do mar. E isso também contribui para você andar mais devagar, pois a quantidade de oxigênio é relativamente menor.
Paramos em frente a um dos paredões e o Chico nos perguntou se estávamos escutando algum barulho.
Até então não tínhamos percebido, mas escutamos algo estralando, como se estivesse trincando. E ele nos pediu para colocar a mão no paredão e nos disse que aquilo tudo é composto por três componentes: argila, gesso e sal. É o sal que produz o som e por causa dele o lugar tem esse nome.
Para saber se a parede é uma cristalização de sal ou formação de gesso, é só passar a unha. Se conseguir arranhar é gesso, se não conseguir, é sal.
Como surgiu a Cordilheira do Sal
E então o Chico começou a nos contar que o Chile está sob uma placa tectônica chamada Nazca, que causa os terremotos que são comuns no país. E essas atividades sísmicas, a milhões de anos atrás, fez com que surgissem as quatro cordilheiras.
A primeira foi a Cordilheira da Costa, depois a Cordilheira de Domeyko, que causou uma distensão na terra fazendo surgir uma cordilheira menor, a Cordilheira do Sal, que é essa onde estávamos. E por último, se levantou a grande e famosa Cordilheira dos Andes.
Interessante como a natureza cria coisas fantásticas, não é?
Caverna de Sal (Cuevas de Sal)
Andamos mais um pouco e chegamos na entrada da Caverna de Sal, Cuevas de Sal em espanhol.
No começo o caminho parecia tranquilo, como um caminho cheio de curvas planas. Mas aos poucos foi ficando mais apertado e difícil passar pelos paredões sem contorcionismo.
Importante para esse passeio são as botas de caminhada de cano alto, principalmente se você não está habituado a fazer essas atividades, pois é fácil torcer o pé por aqui. E também roupas confortáveis porque você vai malhar bastante no desce-levanta das passagens internas.
O primeiro conselho do Chico foi: cuidado com a cabeça nas afiadas pedras de sal.
Depois chegamos na caverna propriamente dita, onde a formação rochosa se fecha, como quem tenta engolir quem está no estreito caminho.
Antes de entrarmos o Chico parou e perguntou:
– Vocês conhecem aqueles bichos que ficam pendurados em cavernas escuras… os morcegos?
- Sim. Por quê?
- Nada não, só quero dizer que aqui não tem rsrsrs
Ele achando que iria nos assustar e eu respondo com cara de desapontada:
- Não tem? Como assim? Caverna sem morcego? Não quero mais.
O Chico parou e olhou, sem entender direito, então eu e a Grasi caímos na risada. Ainda bem que não tinha, porque se tivesse não sei não se rolava entrar hein, que medo.
Aqui, se você tem problema na coluna e joelho, é melhor não arriscar. Se você tem claustrofobia, também não. Se você é meio estabanado, é preciso redobrar o cuidado. Não é um passeio para todos, tem que ter flexibilidade e coordenação motora rsrsrs.
Em alguns momentos a altura do teto é muito pequena e é preciso se arrastar pelo chão. Em outras partes, as subidas e descidas são bem inclinadas, nos obrigando a apoiar as mãos nas rochas para passar pelos degraus de pedras.
Algumas partes são de completa escuridão e desligando as lanternas não dá nem para imaginar para que lado fica a saída.
Lembre de levar uma lanterna de cabeça, pois você não vai enxergar nada lá dentro. Até dá pra ir com a luz do celular, mas é muito melhor ficar com as duas mãos livres e economizar a bateria, não é. Vai por nós.
Não sei qual é a extensão da caverna, mas quando você menos espera aparece um clarão em cima, entre as altas paredes de sal. A partir daí o caminho é mais tranquilo, pois dá para enxergar tudo e não dá aquela aflição de estar enclausurado.
Então é só seguir as plaquinhas até a saída, já no alto dessa imensa rocha de sal.
Trekking do Anfiteatro
Depois de nos aventurarmos pela Caverna de Sal foi hora de fazer uma pequena trilha para ver um pouco mais de cima o Valle de la Luna.
Lembra que eu falei que sempre acontecem coisas muito interessantes nas nossas viagens? Então, foi aqui nesse trekking que uma delas aconteceu.
Como são duas trilhas, nos dividimos. Os amigos do Tá na Minha Rota foram pela trilha mais difícil, já que eles são fitness né, e nós fomos pela trilha mais leve. Afinal, Me Leva De Leve, né.
Na verdade nós optamos pela caminhada mais fácil por motivos de… deixa pra lá. E lá fomos nós. Esses dois pontinhos pretos na foto abaixo somos eu e o Douglas.
Como a gente se dividiu, o guia acompanhou a Grasi e o Luciano, pois eles fizeram a trilha mais difícil. O guia falou para nós não sairmos da trilha por motivo de segurança…
O Cãopanheiro Dog
Andamos, andamos e andamos e de repente apareceu um cachorro, muito bonitinho. Ele parecia manso mas era grande, então ficamos na nossa. E ele começou a nos seguir pela trilha.
Os cachorros quase sempre me seguem, não sei o motivo. Por que será, hein?
Em um certo trecho não tinha mais a marcação do caminho, a areia estava bem fofa. Então o cachorro me “empurrou” para o lado, onde a areia estava mais dura. Andei mais um pouco e a areia ficou fofa novamente. Ele de novo me empurrou para o outro lado, onde a areia estava dura.
Só depois de um tempo percebemos que o cachorro estava nos ensinando onde era melhora pisar…
Continuamos subindo, agora só pisando no lugar certo, até que chegamos num ponto onde ele parou na nossa frente e não deixou a gente passar.
Aproveitamos para descansar e tirar fotos. Melhor não desobedecer o cachorro, né. Esse era o ponto mais alto de morro.
Depois de uns 5 minutos chegou um grupo pelo outro lado e nós perguntamos o que havia para lá. Eles nos falaram que ali era o fim da trilha, que era perigoso ir adiante.
Gente, o cachorro não deixou a gente sair da trilha e ir onde é perigoso. Vocês acreditam?
E ao ver que começamos a voltar, o cachorro ficou tranquilo, tipo, missão cumprida com esse casal perdido rsrs. E quando percebemos, ele já tinha ido ao encontro de um outro grupo que estava subindo, para também ser guia deles. Cãopanheiro Dog lindo!
As trilhas do Anfiteatro
As trilhas não são tão difíceis, o problema mesmo é a altitude e o calor, pois San Pedro está muito acima da altitude de Santiago.
Por isso é importante andar devagar, despacito como na música do Luis Fonsi, beber muita água, usar protetor solar e vestir roupas leves e confortáveis.
E prefira blusinhas que não tenham buracos no ombro, como essa minha aí.
Sabi cumé, né. A pessoa quer dar uma de geek usando a camiseta do Star Wars no Valle de la Luna daí fica com uma marca bem vermelha no ombro rsrsrs.
A vista lá de cima é linda, nas duas trilhas. Vimos a imensa formação conhecida como Anfiteatro, por causa do seu formato, e toda a imensidão do lugar.
A trilha mais difícil tem uma vista melhor do Anfiteatro, por causa da proximidade e do ângulo, de frente para ele.
Então se você tiver em boa forma física e disposição, pegue a trilha mais difícil. Se não, a trilha mais leve também tem paisagens lindas.
As Três Marias
Depois da trilha seguimos de carro até as Três Marias. São formações rochosas que surgiram lado a lado em uma área aberta.
É apenas uma parada para observar, admirar a obra da natureza e tirar umas fotinhas.
Infelizmente agora parece mais com duas Marias, pois alguém subiu na que era maior e acabou quebrando-a.
Como alguém pode ser tão ignorante assim? Fico indignada.
E o Chico disse que tem cada coisa que os turistas fazem que é de ficar abismado, incluindo alguns brasileiros. Mas sei que você não é esse tipo de turista sem noção e com certeza também deve ficar revoltado com esse tipo de coisa.
Aqui ouvimos uma criança comentando com o pai, ao nos ver tirando foto dos Legos Viajantes. “Olha pai é aquele casal que a mamãe segue no Instagram”. Dei uma disfarçada pra ver se era com a gente e o menino deu um sorrisão.
Que demais! Até esqueci o cansaço, de tão feliz que fiquei. Não conhece os #legosviajantes? Então clica aqui.
Ah, quando você nos encontrar por aí, vem falar com a gente. Adoraríamos conhecer você e trocar dicas.
Mirador de Kari
E para nos despedirmos do Valle de la Luna, pegamos o carro e fomos até um mirante natural, chamado Mirador de Kari, ou Mirante Azul.
O sol estava começando a se pôr e a luz que refletia na Cordilheira do Sal nos fez entender a razão pela qual o parque é chamado de Valle de la Luna.
Nunca estive na Lua, mas a paisagem que estava a minha frente me remetiam as imagens dela. É simplesmente encantador.
É aqui que fica a famosa Pedro do Coyote, onde você fica bem na pontinha de uma pedra e o Valle de la Luna ao fundo. A foto fica maravilhosa, mas quando fomos estava interditado, infelizmente.
Como o sol já estava se pondo, partimos para nossa última parada o Valle de la Muerte.
Valle de la Muerte
O Valle de la Muerte fica pertinho do Valle de la Luna, mas precisa voltar para a Ruta 23 e leva uns 5 minutos de carro.
Existem muitas versões para a origem do nome Valle de la Muerte. Os locais contam que era para ser chamado de Valle de Marte. Uma versão conta que quem sugeriu o nome foi um cientista francês. Ele achou o lugar muito parecido com as imagens do planeta Marte e quis colocar o nome de Valle de Marte, mas como não falava muito bem o espanhol, as pessoas entenderam que era o Valle de la Muerte.
Os guias contam que a Nasa testou aqui alguns veículos que foram desenvolvidos para serem utilizados em Marte. Então o nome é bem apropriado, né.
E outros dizem que o nome surgiu por conta de muitas pessoas que se perderem no deserto a acabaram morrendo nesse vale, por isso Valle de la Muerte.
A primeira versão da história do francês combina mais com o lugar e o pôr do sol, né.
Coquetel ao pôr do Sol no Valle de la Muerte
Enquanto admirávamos a paisagem o Chico preparava um delicioso coquetel, com aquela toalha linda e colorida feita no Atacama.
E assim brindamos o nosso primeiro dia de passeios no Atacama com um lindo pôr do sol. É inacreditável as cores desse lugar, que realmente lembram as imagens que já vimos do planeta vermelho.
Quando o sol começou a se pôr, começou a ventar mais forte e a temperatura caiu drasticamente. Ainda bem que levamos casacos e luvas, pois ficou muito frio. O deserto é assim, muito calor durante o dia e frio durante a noite. Por isso sempre viaje ao Atacama bem preparado.
Voltamos a San Pedro de Atacama extasiados com os dois passeios desse dia (Lagunas Escondidas de Baltinache de manhã e esse da tarde), por isso é difícil dizer qual foi o mais bonito.
#FicaADica:
- Use roupas e calçados confortáveis, boné/chapéu e óculos de sol.
- Leva na mochila o protetor solar, hidratante, protetor labial, água, lanterna de cabeça e uma blusa para o fim do dia.
- No Valle de la Luna só tem banheiro perto da Caverna de Sal, depois só no Valle de la Muerte.
E esse foi o passeio pelo Valle de la Luna e o Valle de la Muerte no deserto do Atacama. E aí, gostou das dicas? Me conta aqui nos comentários.
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Até a próxima!
Bjs,
Julia
Mais sobre o Atacama e o projeto De Leve na Rota no blog Tá na Minha Rota. Siga também a tag #delevenarota no Instagram.
Justo o que eu procurava, muito obrigada!
Olá! Bom saber, ficamos felizes em ajudar 😉