Tour o Quatrilho, um roteiro de agroturismo na Serra Gaúcha

A Serra Gaúcha é cheia de encantos e tem como protagonistas as cidades de Gramado e Canela. Dessa vez fui além dos atrativos que a cidade oferece e parti para o interior em um roteiro de agroturismo, o Tour o Quatrilho.

O passeio foi um pouco diferente do que já mostramos por aqui e precisava compartilhar isso com vocês, pois é uma delícia.

Foi como voltar a minha infância, quando eu visitava meus avós que moravam no interior do interior do Rio Grande do Sul.

Me lembro até hoje do caminho de terra batida que fazíamos para chegar no sítio. Minha vó cozinhando no fogão a lenha. Eu, meus irmão e primos pegando frutas direto nos pés e aprontando muito, ao final do dia ficávamos exaustos, sujos de terra por toda parte e muito felizes.

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Quanta lembrança boa lá do interior. Confesso que me considero uma pessoa de sorte por ter vivido tudo isso.

E se você for a Gramado, você pode provar um pouquinho dessa experiência e garanto que vai marcar sua viagem.

Roteiro de agroturismo O Quatrilho

Os passeios do roteiro de agroturismo partem da Praça das Etnias em Gramado, ao lado da rodoviária. O local exato é uma casinha na praça ao lado da feirinha de artesanato, com uma miniatura de ônibus bem na frente.

A bordo de um ônibus antigo, chamado carinhosamente de Princesinha, me acomodei junto a janela.

Queria ver aquela paisagem do interior, a poeira subindo e ficando para trás junto com o barulho dos carros.

Agora, o único barulho que ouvíamos era da princesinha. O número de casas foi diminuindo e a distância entre elas aumentando.

Já sentia o ar mais fresco, as pessoas pelo caminho paravam para nos ver passar e acenavam dizendo “taaaaarrrrde!”, com um sotaque cada vez mais forte, arrastando o “r”.

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Família Lazaretti

No caminho aparece uma longa videira e então viramos a direita e chegamos na nossa primeira parada, a casa da família Lazaretti.

Ao descer da princesinha fomos surpreendidos pelo senhor Celeste que chegou saltitante, cumprimentando a todos e dando boas vindas. Um detalhe, ele tem 90 anos.

Juro que fiquei com inveja do vigor dele. Quanta alegria! Contagiou a todos que ainda estavam em uma espécie de transe, efeito colateral causado pelo silêncio do interior.

Enquanto o grupo se dirigia para a adega, onde o filho do sr. Celeste faria uma explicação sobre a produção de vinhos da família, eu estava toda atrapalhada ainda tentando me entender com a GoPro, máquina fotográfica e celular.

Eu também estava em transe durante o caminho lembrando da minha infância e esqueci de preparar todo meu arsenal para capturar imagens, mas no final deu tudo certo.

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Vinhos

Me sentei no chão da adega, para não atrapalhar aqueles que estavam atrás de mim, e fui entendendo um pouco mais sobre a produção do vinho.

Ele contou tudo, desde a história da família que está ali a mais de 120 anos até a modernização do processo que facilita e melhora o sabor do vinho.

Descobri que preciso aprender a tomar vinho, afinal vinho de mesa não é vinho, é suco de uva adoçado 😀

Depois das explicações fomos provar o vinho e outros produtos colonias produzido por eles e também comercializados ali mesmo e na região.

Eu ainda queria fazer algumas fotos e conversar um pouco mais, pura curiosidade, enquanto o grupo fazia a feira comprando um produto de cada.

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Peço ao senhor Celeste se posso tirar uma foto com ele e muito gentilmente sou atendida. E eis que ele puxa conversa e começa a me contar algumas histórias de seus amores e viagens.

E então o Gilmar, nosso motorista, nos chama para continuarmos o passeio. Me despedi e agradeci pela receptividade. Ele sorriu genuinamente.

Depois de já acomodada e de volta a estrada, me dou conta que não comprei nem um vinho se quer. Queria tanto ter comprado um que só é produzido por eles naquela região, fiquei tão chateada de não ter lembrado.

Família Grins

Mais alguns minutos de estrada e chegamos a propriedade da família Grins, uma casa a beira da estrada. Aqui as casas ficam um pouco mais próximas, mas ainda assim não são numerosas. É uma pequena vila.

Desembarco e somos recebidos por uma senhora simpática, a Marlize, que nos conduz para o porão de uma casa.

Ao passar pela porta vejo várias cadeiras, um projetor e uma tela lá no fundo. Do lado direito vejo algumas mesas compridas com bolachas e artesanatos. Uma espécie de lojinha com produtos produzidos pela família e vizinhos.

Enquanto o grupo vai se acomodando, eu tenho um ataque de rinite alérgica e não paro de espirrar. Que raiva que me dá.

Portas e janelas fechadas, começa a explicação da sra. Marlize com a projeção de slides no telão.

A casa de O Quatrilho

Eu estava na casa onde viveram os personagens de “O Quatrilho”, que emoção!

Talvez você se lembre do filme que foi gravado ali contando essa história, o mesmo foi baseado em fatos reais de Nicodemo, Maria, Joseph e Carolina.

Foi muito interessante a explicação, ver as fotos dos personagens reais e as partes que não foram contadas no livro ou no filme.

Ao final, fomos conhecer o moinho ao lado da casa e onde toda essa história começou.

Hoje o moinho não está mais ativo, mas todos os equipamentos e sua estrutura foram preservados.

E lá fomos nós de volta para a Princesinha e para a estrada, passamos em frente a igreja e o cemitério onde estão os túmulos de Nicodemo e Maria. Uma dica é, assista o filme antes de fazer esse passeio, pois tudo fica ainda mais belo 😉

Morro da Polenta

Fomos pela estrada para uma área mais afastada da vila, com poucas casas. E lá passamos por mais algumas poucas pessoas pela estrada que de longe acenavam, não dava para ouvir, mas dava para saber que estavam nos dizendo “taaaaarrrrrde”.

Paramos no fim de uma estrada e descemos em frente a uma escadaria cercada por hortênsias. As flores ainda não estavam floridas, mas apontavam que em breve desabrochariam.

Subi as escadas até um mirante, no topo do Morro da Polenta, onde a vista é belíssima, de um cenário cheio de tons de verde. Estava a 900 metros de altura e ali poucos se atreveram a falar qualquer coisa, era um momento de silêncio e contemplação.

Uma pausa para observar tudo aquilo que nos causou aquele transe dentro da Princesinha a caminho do interior. E pouco a pouco, cada um no seu tempo foi descendo as escadarias e tomando o seu lugar.

Eu entrei e fiquei observando as pessoas chegando e sentando no mesmo lugar que estavam desde que saímos do centro de Gramado. Como nós somos engraçados e gostamos de nos apegar a algo, uma referência ou a uma rotina. Uma vez escolhido o lugar, é difícil trocar, né?

E lá fomos nós para nossa última parada antes de retornar para a cidade.

Família Ramm

Chegando a casa da família Ramm, escuto ainda baixinho o som de uma sanfona. Desço da Princesinha e logo a minha frente vejo uma casa simples de madeira, com uma varanda grande e muito bonitinha.

E ali na porta estão o sr. Ingo e a sra. Isolde, com mais de 80 anos, para nos receber com um sorriso no rosto.

O sanfoneiro dá o ritmo que contagia a todos que vão chegando e cumprimentando os donos da casa. Sorridentes, convidam para entrarmos e tomarmos um café colonial alemão preparado por eles.

Todos vão acomodando suas coisas nas mesas e rapidamente se forma uma fila ao redor da mesa recheada de comida deliciosa. Tinha pão, cuca, geleias, queijo, salame e uma infinidade de coisas gostosas.

Eu fiquei na mesa observando a movimentação e esperando a fila diminuir. É fácil perceber também o cuidado dos anfitriões para que todos fossem bem servidos, para repor os alimentos que estavam acabando.

O Sr. Ingo ficou no fogão a lenha servindo o café e o leite quentinhos. Enquanto a Sra. Isolde ficava em função da comida.

Ela ficou preocupada comigo, pois eu não tinha me servido ainda. Disse que estava esperando as pessoas se servirem que iria em seguida. Ela me olhou e disse “melhor ir logo” 😀

Lembranças da infância

Então fui me servir. E a cada prato que eu olhava e me servia, as lembranças da minha infância ficavam ainda mais fortes. E o sanfoneiro tocando e cantando as canções tradicionais do Rio Grande do Sul foram a minha trilha sonora.

E depois que terminamos nosso café colonial, o sr. Ingo e a Sra. Isolde discursaram para agradecer nossa presença. Fiquei tão feliz de ter encerrado assim.

Mas ops, não terminou não. Quem disse? Como bons descendentes de alemães, estavam só começando. O sanfoneiro foi perguntando a cidade ou estado de origem de cada um que ali estavam e ele ia tocando as músicas mais conhecidas daquela região. Foi uma festa só.

Até que saímos todos para a frente da casa para nos despedirmos desse casal tão querido. Era hora de voltar para a cidade.

Diria que esse passeio foi um grande presente. Como é bom poder lembrar de coisas simples que trazem tantas recordações boas. Coisas que nos levam de leve para um tempo que não volta mais, que nos fortalece e nos faz lembrar que realmente o que mais importa na vida é o que vivemos, o que sentimos, as nossas experiências.

Esse passeio foi uma cortesia, um presente na verdade, da Secretaria de Turismo de Gramado. Obrigada Rose e Gilmar.
Todas as informações aqui relatadas são referentes a minha experiência e opinião, sem qualquer interferência da secretaria. Respeitando assim o nosso compromisso com você leitor e com os princípios deste blog.

Tour O Quatrilho

Avenida Borges de Medeiros – Praça das Etnias – Gramado/RS.
Terça-feira e sábado
Das 14h às 18h
R$ 129,00 a partir de 5 anos. Menores de 5 anos não pagam. Compre online aqui.

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