Estudo do Turismo

Choque Cultural – parte 1

Você chega ao destino turístico ainda com a imagem daquele vídeo promocional impecavelmente editado, com cores chamativas, cenas em câmera lenta e sons cativantes.

Porém, basta colocar os pés na realidade para perceber que os cursos de publicidade e de edição de vídeo formam excelentes profissionais.

‘Tudo bem’, você pensa, ‘no fundo já imaginava isso’.

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Aquela música inspiradora do vídeo dá lugar ao barulho de carros e buzinas.

As pessoas sorridentes dão lugar a pessoas apressadas e mal humoradas, a vendedores insistentes ou a pedintes que enxergam o turista como um doador full time.

Poluição visual, placas, anúncios, banners, faixas clamando pela atenção dos turistas para restaurantes e tours.

Tentativas de golpes contra turistas, preços inflacionados. Nada mais se assemelha àquele vídeo promocional.

Nessa realidade, o taxista entende perfeitamente inglês, mas não leva você ao hotel que você pediu, e sim a algum hotel do qual ele ganha comissão para cada turista que leva. Quando você reclama, subitamente ele não entende mais inglês e foge da discussão.

Nessa realidade você vê que a população local usa roupas bem diferentes que os turistas.

Algumas vezes as roupas dos turistas chegam a ser consideradas um insulto à religiosidade e aos costumes.

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Nessa realidade, as pessoas não sabem te informar onde fica o ponto turístico, mas ao invés de dizer que não sabem, eles apontam o dedo pra qualquer lado, apenas para não passar pela embaraçante situação de dizer para um forasteiro que não conhece a própria cidade. E assim, você caminha, caminha e caminha para o lado errado.

Nessa realidade, você não sabe e talvez nunca saiba o que era a comida. O gosto às vezes pode até ser bom, mas você nunca saberá.

Insetos podem virar petiscos, por que não? Lembre-se que para alguns é chocante comer carne bovina.

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Choque cultural – aranhas fritas no Camboja

Você descobre que o hotel diz ter água quente 24 horas, mas nunca tem quando você vai tomar banho.

Isso nem é a questão maior, o que impressiona é que o recepcionista do hotel sequer tem noção do que significa uma propaganda enganosa, ele simplesmente acha normal que a água quente 24 horas acabe de vez em quando.

Por outro lado, aquela cidadezinha que você viu na internet e que não merecia nem nota 5 te surpreende. Você conhece pessoas amáveis e dispostas a ajudar.

Você não entende o que está escrito no cardápio, mas aceita a sugestão do garçom e se encanta com o sabor.

Você tira fotografias dignas de National Geographic, mesmo não sendo fotógrafo profissional.

Você se diverte e tem uma experiência memorável.

O que é choque cultural?

Quando nos deparamos com algo novo buscamos palavras e comparações conhecidas para tentar traduzir o que vemos e o que sentimos.

Cada situação, seja boa ou ruim, transparece a cultura da população receptora.

Quando não é possível fazer uma tradução adequada, nos sentimos confusos.

Nessa hora, o choque cultural está tomando conta de nós.

No início podemos ser tomados por uma sensação de euforia pelas novas descobertas, depois pode acontecer de ficar acuado se o choque cultural for demasiadamente assustador.

Amar ou odiar um lugar à primeira vista é a essência do choque cultural.

Poucos ficam indiferentes a uma nova cultura. Quando a nova realidade salta aos olhos, algumas vezes é preciso ajustar sua mente em uma fração de segundos para se adequar à nova situação que o choque cultural nos impõe.

Porém, não precisa se desesperar: saiba reinterpretar o mundo novo ao seu redor.

Dê tempo às coisas e observe, tudo pode ser ainda mais chocante quando os detalhes são esmiuçados.

Alguns países, se você permitir, vão lhe mostrar um choque cultural que completará sua vida e você nem imaginava.

Surpresas boas ou ruins, no fim de tudo a experiência valeu.

Você sente que foi enriquecedor e já sente nostalgia e vontade de por o pé na estrada novamente.

Se isso acontece com você, você é um dos que alimentam a alma de ‘choques culturais’.

[Mais sobre Choque Cultural, aqui]

 

Douglas e Julia

Bio de casal? Como assim? É que alguns textos foram escritos juntos, então aqui estamos nós. Julia é gaúcha que solta uns 'ô meu' e Douglas é paulista que manda uns 'bah tchê'. São formados em Turismo e Hotelaria com especialização em Marketing, amam viajar e criaram esse blog em 2005. Já viu, né, viagem é o assunto principal deles.