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Trilha Salkantay – Dia 3: Menos altitude, mais floresta

Vale do Rio Santa Teresa, 30 de setembro

A vida continua na Trilha Salkantay. Acordo cedo de novo, antes do guia chamar na barraca. No primeiro dia da trilha tive a incrível experiência da cerimônia xamã, um ritual a la Pachamama. E ontem foi o dia da superação para chegar ao Passo Salkantay, a 4.600 metros, outro dia inesquecível.

Então levanto bem empolgado, imaginando o que vai acontecer hoje.

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Não sei porque ainda me espanto, no terceiro dia, com o café da manhã reforçado, mesmo estando acampado no meio dos Andes.

Já falei que todo o acampamento é montado e desmontado a cada dia, e carregado por mulas pelas montanhas? Acho que sim, né? Tudo é levado, os equipamentos, os mantimentos, o lixo. É impressionante!

Enquanto termino de me trocar e de arrumar a bagagem, a equipe de apoio já começa a desmontar o acampamento. Hoje nós nos despedimos deles porque nossa próxima noite será acampado em uma fazenda de café, com… chuveiro!!

Ah, não falei que fiquei sem banho até agora? Lenço úmido, item indispensável!

Trilha Salkantay, Vale do Rio Santa Teresa

Uma necessária reforma no remendo da bota e sigo meu caminho. Hoje me sinto mais forte e disposto a acompanhar o bloco da frente do nosso grupo.

Hoje a trilha é também desafiadora, não pela altitude, mas pela extensão. A caminhada é pelo Vale do Rio Santa Teresa, através das áreas mais povoadas até agora.

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Por isso, o cenário muda. A altitude mais baixa permite que a vegetação cresça mais. Hoje eu caminho mais entre florestas e as plantações se tornam recorrentes na trilha. Bananas, abacates, cafés e uma fruta chamada granadilla, parecida com o nosso maracujá.

Dizem, inclusive, que o café orgânico daqui é um dos melhores do mundo.

O calor aqui é maior e logo a energia renovada (de ter superado o Passo Sankantay) começa a lutar contra o cansaço acumulado (da caminhada de 5 horas do primeiro dia com as 9 horas de ontem). E só de pensar que hoje são mais 6 horas caminhando, começo a sentir a necessidade de mais uma dose de oxigênio.

Não, não preciso de oxigênio! Preciso apenas de um remédio para dor, meus joelhos estão péssimos. Tanto, que prefiro não parar para descansar para que o corpo não esfrie. Então sigo caminhando vagarosamente, parando mais vezes e por menos tempo, só o necessário para manter o corpo hidratado.

– Caballoooo!

Avisa o guia sempre que um cavalo se aproxima na mesma direção ou na direção contrária. É o aviso para encostar no barranco para dar passagem aos moradores, que usam os cavalos para se locomover e para levar mantimentos para as vilas.

Os cavalos vão andando e deixando uma trilha de… você sabe… Imagina só caminhar ofegante, respirando fundo, e de repente o cheiro de coco de cavalo invade os pulmões sem dó nenhuma. O pior é que é dificílimo prender a respiração, pois o corpo pede oxigênio incessantemente.

Cerveja gelada no meio das montanhas

Chego num descampado, em uma pequenina vila com uma área de acampamento, um mercadinho, duas ou três casas, um banheiro. Aqui é nosso ponto para o almoço e de novo foi bem reforçado.

Até cerveja gelada teve! Eu tomei mesmo foi só um gole para provar a cerveja peruana, depois pedi um refri beeeeem gelado e logo voltei para o chá de coca.

Volto para a trilha depois de uma rápida digestão, o caminho ainda é longo. Cachoeiras e pontes começam a aparecer pelo caminho. O zig-zag acompanhando as curvas do rio começa a ficar mais intenso. Menos subidas, mais descidas.

Ouvi dizer que o próximo acampamento é perto do leito do rio, então, a altitude em relação ao rio que vejo de vez em quando dá pistas de quanto ainda falta para chegar.

Umas horinhas depois, o guia diz: Pronto, é aqui. É aqui o quê? Penso comigo.

É aqui que a van vai nos pegar e levar por uns 30 minutos até o começo da Llactapata Inca Trail, uma trilha que leva a uma montanha a 5 km de Machu Picchu, de onde, através do vale, é possível ver lá longe as ruínas mais famosas da América do Sul.

Llactapata Inca Trail

A velha trilha inca foi restaurada pois a floresta se encarregou de engoli-la por muitas décadas. Ela nos levará até o acampamento Lucmabamba.

Por um momento me deixo enganar. Os degraus construídos pelos Incas dão a impressão que o acampamento está logo ali, mas na verdade há um caminho relativamente longo ainda, entre os cafezais.

Me concentro, pois a essa altura meus joelhos fazem eu praticamente me arrastar degrau por degrau. Fico imaginando na dor que vou sentir quando o corpo esfriar…

Uma cafeteria no meio da trilha indica que estamos quase chegando no acampamento que fica no meio da plantação de café. Starbucks, hahaha

Lucma Camp, banho quente e muito café!

Depois de quase uns 40 minutos enfim chegamos a Lucma Camp, a 2.135 metros de altitude.

No local há banheiros, cozinha, uma casa, estrutura para colher, descascar, torrar e moer o café. Sinto-me quase na civilização outra vez.

A primeira coisa que faço é tirar a bota e colocar um chinelo para que meus pés relaxem um pouco. Mas logo tenho que calçar a bota de novo, já que vou participar da colheita do café e ver como é o beneficiamento até o empacotamento.

Caminho um pouco entre a plantação, com os joelhos muito doloridos.

Como meus avós eram do norte do Paraná, plantação de café não é lá grande novidade. Mas ver o processamento é bem interessante.

Vi a lavagem, a secagem, a torra e a moagem. Agora me sento na grande mesa da cozinha, junto com todos os trekkers e os guias, para beber um café recém saído de todo esse processo que acabo de ver.

A recepção é a mais calorosa possível. Ouço alguém falando em português com sotaque espanhol que vai ser servido pastel. Hein, pastel??

Depois dos pastéis, ainda está vindo o jantar. Aproveito que hoje tem chuveiro quente e vou tomar banho antes da refeição.

Enfim banho ‘quente’

O chuveiro é sim quente, mas o vento que entra pelo vão de cima da porta é cruel. Além disso, tem uma fila esperando, então nem aproveito muito o banho, só me lavo bem caprichadamente, sem demorar muito. Os banhos anteriores foram com lenço úmido então, foi preciso caprichar hoje.

Eu estou cambaleando de cansaço e sono, então como rapidinho um pouco e já vou para a barraca. A vontade era ficar batendo papo com o pessoal, mas não tenho condições nenhuma.

Tô indo dormir, enquanto isso, dá uma olhada em outras fotos aqui em baixo.

Leia mais sobre o trekking Salkantay aqui: dia 1 | dia 2 | dia 4 | O segredo das montanhas

Para planejar o seu roteiro no Peru, leia outros posts aqui. E para saber onde ficar, veja as opções de onde ficar em Machu Picchu Pueblo. Se você quiser saber onde é melhor ficar em Cusco, clique e leia esse guia para descobrir qual é a melhor região da cidade para se hospedar e para escolher o melhor hotel de Cusco dentro do seu orçamento. E não se esqueça é que muito importante viajar ao Peru com seguro viagem. Veja aqui um comparativo de seguro viagem e ganhe 5% de desconto.

Douglas Sawaki

Formado em Turismo e Hotelaria, com experiência em vendas e marketing na área do Turismo. Paulista que aprendeu a curtir São Paulo depois que deixou de ser um cara estressado. Meio sedentário, meio esportista, se é que você me entende.

4 thoughts on “Trilha Salkantay – Dia 3: Menos altitude, mais floresta

  • Caramba que demais essa viagem. Vou fazer igual em breve. Não vejo a hora de começar. Coloca mais fotos

    • Oi José! Viu os outros posts? Tem uma série de 4 dias da trilha e mais outros do Peru 🙂 Boa viagem!

  • Super relato da trilha. Vou indicar a todos meus amigos.

    • Douglas Sawaki

      Valeu Elder. Abraço!

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