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Dia 93 – Dia de decisão: parar ou continuar a viagem?

{Domingo, 26/05/2019} Fomos dormir lá pela 1 hora da manhã, em um posto YPF perto do centro cívico de Bariloche. Foi a pior noite na campervan até agora e hoje foi o dia de decidir parar ou continuar a viagem.

O local seria ideal para passar a noite na camper, se não fosse Bariloche. A sensação de insegurança que os relatos de viajantes nos passaram, somado ao que nós vimos na chegada a cidade, nos fez ficar tensos.

Cada ruído nos fazia despertar, imaginando que alguém poderia estar tentando abrir a porta para nos roubar. O fato da loja de conveniência ser 24 horas e ser sábado à noite, fez com que muita gente viesse ao posto.

A pé, de carro com música alta, em grupo conversando alto. Chegavam até a ficar encostado no carro.

A cada 10 ou 15 minutos eu despertava. A Ju nem chegou a dormir, perdeu o sono e resolveu ficar no celular quase a madrugada toda pesquisando um lugar para ficarmos nos próximos dias.

Eu tive um pesadelo, acordei no susto, achando que alguém estava dentro do carro. Dei um chute no ar para tentar acertar essa pessoa e derrubei um monte de coisas do nosso quarto. Foi um baita susto que dei na Ju.

Às 6 horas a Ju foi no banheiro e como o despertador estava para as 7 horas, não fui, apesar de estar um pouco apertado. Só que o barulhou parou e nós dois acabamos dormindo, das 6 às 10 horas.

Vixi, perdemos a hora. Estávamos bem em frente a loja de conveniência, que tem poucas vagas, todas bem de frente à enorme janela que dava para as mesas da loja, por isso não queríamos acordar tarde.

Só fomos no banheiro e mesmo sem mudar a configuração do carro, fomos embora, sem ter lugar exato para ir.

Camping Petunia

Colocamos no mapa o Camping Petunia, distante 10 Km do centro e fomos bem devagar, a uns 40 a 50 km/h.

Como as tentativas de reservar pelo Airbnb não deram certo, tivemos que mudar o plano. Só pensávamos em tomar um banho e no fim das contas ficamos no camping mesmo, sem nem conferir os banheiros e se a água do chuveiro esquentava.

O preço é $ 350 pesos por pessoa e mais $50 pesos pelo carro e mais $20 pesos por pessoa para taxa ambiental. No fim deu $790 pesos para uma noite, com local para cozinhar e internet.

Estacionamos perto da entrada do camping, que também tem hostel e cabanas, para pegar o sinal do wifi.

Sabe aquela sensação de foda-se tudo, vamos embora daqui? Então, era o que eu estava sentindo. Não imaginei que justamente num dos destinos turísticos mais procurados pelos brasileiros eu teria vontade de desistir da viagem e ir embora.

A Ju foi no banheiro e eu na recepção pedir a senha do wifi. Aproveitei para pagar, pois antes a recepcionista não sabia onde estava a chave da caixa registradora e eu não havia pago.

Paguei e quando voltei pro carro a Ju disse: vamos procurar outro, o banheiro é ruim.

Acabei de pagar.

Por quê?

Por que sim uai, achei que iríamos ficar aqui

Nunca houve dúvida de nenhum de nós. Até pensei em pedir o dinheiro de volta, ou pedir para usar o banheiro do hostel, mas o desânimo estava grande demais que nem reagi direito.

A Ju foi tomar banho e eu fiquei arrumando o carro no modo sala de estar. E aí a Ju volta sem tomar banho: !Não deu, a água está fervendo, não tem água fria para misturar. Tentei três chuveiros diferentes”

Fui na recepção para pedir o dinheiro de volta e ir embora e a recepcionista me disse para tomar banho no banheiro do hostel. Fui conferir e estava quente e o banheiro era melhor que o do camping. Não era perfeito, mas era melhor.

Enquanto eu esperava a recepcionista pegar troco e fazer o recibo, a Ju desfez o modo sala, para o modo carro, para irmos embora.

Refiz novamente enquanto ela foi no banho. Tudo devagar, num desânimo que era o maior de toda a viagem.

Depois começamos a preparar a mesa para fazer o almoço. Montei o fogão, em uma mesa de piquenique ao lado do carro.

Almoçamos nhoque ao molho bolonhesa e tomamos guaraná. Fizemos um café, lavei a louça enquanto a Ju guardava as coisas.

Lago Nahuel Huapi

Fomos conhecer a praia do camping, que fica à beira do Lago Nahuel Huapi. O local é muito bonito, com uma parte de areia e uma faixa de pedras perto da água. Tem um pierzinho e alguns barcos.

Lago Nahuel Huapi, Bariloche - Dia de decisão: parar ou continuar a viagem?

No verão deve deve ser ótimo, mas hoje com o sol fraco e o vento, estava muito frio. Por alguns minutos esquecemos o desânimo que Bariloche nos trouxe, mas logo voltamos à realidade. Só demos uma olhada e já voltamos para o carro.

Fui tomar banho, fiz a barba, tudo sem pressa. Quando voltei ao carro, a Ju já tinha montado a cama e estava deitada descansando.

Ainda fiz algumas coisinhas de manutenção/organização do carro e às 16h30 deitei também. Domingo é pra descansar, né.

O dia D da viagem

Quando acordamos, um desânimo maior ainda nos abateu. Não sabíamos mais se continuaríamos a viagem, pois as coisas não estavam indo como o planejado.

Você sabe que estamos trabalhando enquanto viajamos, né? E já percebeu que nossa conexão de internet não está satisfatória, como pensamos que seria.

Isso fez a gente perder clientes e com clientes a menos e demorando muito para realizar o trabalho com os clientes atuais, o tempo da viagem passou a ser mais para trabalho, porém com menos entrada de dinheiro.

Antes estávamos ganhando e gastando praticamente o mesmo de quando morávamos em São Caetano, trabalhando de home-office. Agora a balança desequilibrou.

Além de menos ganhos, estamos gastando mais para trabalhar. A conexão ruim nos obriga a ir a locais com wifi melhor, geralmente lanchonete de posto de gasolina, e assim temos que consumir para poder ficar na mesa e ter a senha da internet.

Um custo que não teríamos, se não tivéssemos que atender os clientes.

No fim das contas, não sabemos se vale a pena mantê-los.

Parar ou continuar a viagem?

Esse tempo não seria melhor aproveitado se fizermos apenas conteúdo para o blog?

O que estamos fazendo errado, que parece que o objetivo da viagem não está sendo alcançado?

Voltar agora para o Brasil e voltar à mesma vida que não nos fazia plenamente feliz?

Parar agora e não saber como seria o resultado, caso os objetivos fossem alcançados?

Como fazer o documentário sobre viajar e trabalhar? E o livro? Não teríamos como escrever.

Continuar a viagem mesmo sem ter o dinheiro suficiente, nos privando ainda mais de coisas básicas como banho quente?

Choramos, por não encontrar claramente uma resposta, que desse alívio a essa aflição.

Mesmo se a decisão for voltar ao Brasil, levaremos algumas semana, gastando como se estivéssemos viajando, com comida, gasolina, hospedagens, banho, lavanderia.

Seriam dias de frustração que doeriam no peito todas as vezes que eu olhasse a tristeza nos olhos da Ju.

E como chegar ao Brasil? Ela perguntou o que será da nossa vida? E tudo o que a gente investiu nessa viagem, parte de um plano para depois criar nosso novo caminho?

Não sei. Não sei. Tristeza define o que sinto.

Pesando os prós e contras para a decisão

Vamos ser práticos. Frios e calculistas. São 3.700 km até São Paulo, se formos direto. Não cumpriremos o objetivo dos 6 meses de viagem e nem dos 5 países visitados.

E se voltarmos para o Brasil por um caminho alternativo ainda assim passeando um pouco mais? E se cortarmos o restante do Chile, a Bolívia e o Peru?

Que tal fazer a Argentina até o norte, afinal tem muita coisa linda por aqui, as pessoas são amáveis e não é tão caro. Depois entramos no Paraguai e voltamos para São Paulo?

Pelo menos faríamos os 6 meses, mesmo que for por outro caminho.

A essa altura, alcançar parcialmente o objetivo já me dá um alívio na dor que sinto no peito.

Novos planos de viagem

Redesenhar a rota. Essa é a nossa tarefa aqui em Bariloche. Dois dias para isso. Começando amanhã à 12 hs quando entrarmos no Airbnb.

E assim parece que as coisas começaram a voltar aos eixos. Conseguimos finalmente fazer a reserva em um Airbnb com máquina de lavar roupas.

E com a cabeça inquieta, só conseguimos dormir as 2 horas da manhã.

Antes de conhecer as atrações de Bariloche, temos essa tarefa a cumprir.

E assim é a vida de nômade digital, quer dizer, de um casal que está tentando se estabelecer assim.

Quer saber mais sobre essa viagem? Confira esse post aqui melevadeleve.com/viagem-de-carro-pela-america-do-sul

Números do dia:

Camping: $ 790 pesos argentinos (aprox. R$ 79,00)
Dúvidas na cabeça: dezenas

Programe a sua viagem

Está gostando da nossa viagem de carro pela América do Sul? Então use nossos links para reservar as suas viagens. O valor não muda para você e a comissão que ganhamos é bem pequena, o preço de um cafezinho que você toma enquanto está lendo e se divertindo com o diário da viagem e as nossas dicas.

Hospedagem: Booking.com ou Airbnb (Airbnb com desconto de R$ 130,00 na primeira hospedagem e R$ 49,00 em uma experiência)
Seguro Viagem: Seguros Promo (com 5% de desconto)
Passagens Aéreas: Passagens Promo
Aluguel de carro: Rentcars
Transfers: Viator
Passeios: ViatorTiqetsTourOn e Get Your Guide
Transferência online de dinheiro para o exterior: Transfer Wise

Agradecimentos aos nossos apoiadores dessa viagem:

Douglas Sawaki

Formado em Turismo e Hotelaria, com experiência em vendas e marketing na área do Turismo. Paulista que aprendeu a curtir São Paulo depois que deixou de ser um cara estressado. Meio sedentário, meio esportista, se é que você me entende.