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Trekking no Monte Fuji, Japão, para ver o sol nascer do topo

Oi pessoal, como estão? Hoje começamos o blog, trazendo o conteúdo do nosso extinto Fotolog. Lembram dele? Vamos começar falando sobre o trekking no Monte Fuji, um dos principais pontos turísticos do Japão.

Não é um artigo com roteiro de viagem, e sim um relato da experiência na montanha mais alta do Japão. Vamos lá?

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De Chiryu até Fuji

Saímos de casa (cidade de Chiryu, província de Aichi) às 09h20 e fomos até a estação de trem principal da nossa cidade.

Lá pegamos o trem expresso às 09h38 até a cidade de Toyohashi (também na província de Aichi).

Esse trecho demorou uns 40 minutos e fomos observando o cotidiano pela janela.

Muitos idosos, carros super modernos e também alguns super pequenos, tanto que chegam a ser engraçados.

Trekking no Monte Fuji

Às 10h33 pegamos o trem bala (Shinkansen) na estação de Toyohashi para a cidade de Fuji, na província de Shizuoka. Lá fica a estação de trem mais próxima do Monte Fuji, que se chama Shin-Fuji.

Shinkansen Monte Fuji

Chegamos nessa estação às 11h30 e aproveitamos o tempinho para comer o marmitão que levamos. Sim, vida de trabalhador no Japão é assim, economizando sempre. Levamos arroz, feijão e carne cozida com legumes.

Se não estivesse nublado, já daria pra ver o Monte Fuji bem dali onde estávamos almoçando.

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Da estação Shin-Fuji até o Monte Fuji

Da estação de trem Shin-Fuji até a estação 5 da trilha Fujinomiya do Monte Fuji (são 5 trilhas no total) pode-se pegar um ônibus que custa 3 mil ienes ida e volta.

A viagem demora uma hora e meia e é cheia de zig-zags pelo meio da mata. A paisagem é muito bonita e é possível ver alguns animais silvestres.

Base do Monte Fuji

Durante o percurso, passou um vídeo no ônibus dando dicas de trekking, explicações sobre a montanha e recomendações sobre o lixo e meio ambiente.

O começo do Trekking no Monte Fuji

Às 14h40 chegamos à quinta estação da trilha Fujinomiya, que fica à 2.400m de altitude. A estação de Shin Fuji fica no nível do mar, então imaginem como foi esse trajeto até aqui.

O tempo estava nublado e nessa hora estávamos no meio das nuvens devido à altitude. Nessa estação há uma loja de souvenires e banheiros grátis. O preço de uma garrafa de 500 ml de água era 300 ienes, o dobro do que nas  cidades.

Da quinta estação parte uma trilha para subir e outra trilha horizontal que leva até a Cratera Hoei. Decidimos começar logo o trekking no Monte Fuji e por isso não fomos até a cratera.

Havia um grupo de idosos fazendo alongamento para subir o Fuji. Sim, idosos, e aparentavam muuuuuita idade. Algumas famílias com crianças também vão ao Fuji, mas sobem até a sexta ou sétima estação.

Tradição

Diz a tradição do Monte Fuji que todos japoneses devem subir a montanha pelo menos uma vez, por isso há muita gente nas estações 5 e 6 tentando.

A trilha só é aberta nos meses de julho e agosto e cerca de 400 mil pessoas por ano aventuram-se na montanha nesses meses.

Aqui se pode comprar um bastão de madeira para auxiliar no trekking e para guardar de lembrança.

Nesse bastão você pode receber um carimbo em cada estação para comprovar que você passou lá. Porém, cada carimbada custa 400 ienes.

Hora de caminhar

Às 15h50 começamos a subir, com o tempo nublado e um pouco frio (colocamos uma blusa e uma calça já nessa estação), caminhamos 20 minutos até a sexta estação.

Esse é o menor trecho e o mais fácil, pois é pouco íngreme. Aqui ainda há bastante vegetação e o chão é de rochas e areia vulcânica. É como um aquecimento para o que vem por aí.

Às 16h10 chegamos a sexta estação (2.600 m de altitude) que consiste em um alojamento, um restaurante e um banheiro. Colocamos a parte de cima da capa de chuva enquanto conversávamos com o cara do alojamento.

Nessa estação o alojamento custa 5 mil ienes e para utilizar o banheiro custa 200 ienes. O cara queria nos convencer a dormir ali de qualquer forma, disse até que não há mais alojamentos montanha acima e que a previsão era de tempo muito ruim. Depois descobrimos que ele estava querendo nos enganar.

Às 16h45 saímos da 6ª estação. Ventava forte e o tempo abria e fechava numa velocidade incrível. Parecia um filme acelerado. Estava bastante frio, nem parecia ser verão. Quanto mais subíamos, mais esfriava.

Por toda a trilha há cordas para marcar o caminho e servem também de apoio para auxiliar na subida. A partir da sexta estação a subida fica mais íngreme e o oxigênio vai ficando menor.

No caminho vimos todo tipo de gente: idosos, crianças, atletas preparados e equipados e turistões de calça jeans e tênis comum, que escorregavam com as pedras soltas.

Separando os visitantes dos trekkers

Chegamos à sétima estação às 18h05 (2.780 m de altitude). Demoramos uma hora e vinte minutos, pois fizemos a caminhada bem devagar, aproveitando o trajeto (tempo médio é de 1h), comemos o lanche (pão com queijo e presunto), bebemos bebida isotônica.

A sinalização é em japonês e inglês, mas poderia ter também em português, pois a quantidade de brasileiros que sobem o Fuji é muito grande e vimos poucos “gringos”.

Saímos da estação 7 às 18h35 e no meio do caminho vimos o pôr-do-sol entre as nuvens que passavam rapidamente. Mesmo nublado, foi um momento mágico. A sensação de estar por cima das nuvens e ver a cidade começando a ligar suas luzes é algo maravilhoso, parecia que estávamos voando.

Alguns preferem subir somente a noite, pois acham que o fato de não enxergar a distância do topo ajuda a não cansar tanto. Mas quer saber, cansamos do mesmo jeito hahaha

O início da caminhada noturna

A partir deste ponto precisamos tomar mais cuidado, pois o trekking seria a luz de lanterna. As paradas para descanso tornaram-se mais frequentes, pois o ar ia ficando mais rarefeito. Mais ou menos a cada 5 minutos parávamos um pouco… Não tínhamos pressa de chegar ao topo.

Às 20hs chegamos a 7,5ª estação, 3.010m de altitude (é a estação 7,5 porque foi construída depois, entre as estações 7 e 8). Levamos uma hora e vinte e cinco minutos (tempo médio, 50 min.).

Comemos o que sobrou dos pães, bebemos bebida isotônica. As duas paradas anteriores foram de meia hora cada, mas nessa a gente ficou uma hora descansando e demos uma cochilada de uns 15 minutos. Às 21hs saímos da 7,5ª estação.

Depois de uma hora e cinquenta minutos chegamos, às 22h50, na 8ª estação (3.250m de altitude). O tempo médio desse trecho é de 40 min. Cochilamos uns 5 minutos, troquei a blusa, pois estava encharcada de suor. Comemos barra de cereal, bebemos bebida isotônica. É muito importante manter a hidratação, caso contrário, por causa da altitude, a dor de cabeça se torna insuportável.

Aqui o banheiro só funciona de dia e custa 200 ienes. A água custa 400 ienes e em todas as estações há máquinas automáticas de bebidas (não é a toa que é o segundo país do mundo em quantidade de máquinas). Saímos dessa estação às 23h20min.

De repente o tempo abriu e revelou um céu incrivelmente estrelado. A lua iluminava o caminho e nessa hora a lanterna não fazia diferença… Paramos e ficamos admirando as estrelas. Que sensação inesquecível!

Devido a diferença de pressão atmosférica, as embalagens das nossas comidas ficaram completamente estufadas a ponto de quase estourar.

Ar cada vez mais rarefeito

Os efeitos da altitude começavam a se intensificar e agora a gente parava a cada 40 metros para descansar. Começaram as dores de cabeça devido ao ar rarefeito. Mesmo tendo consumido boa parte da comida e bebida, a mochila parecia estar muito mais pesada.

Às 00h30 chegamos à 9ª estação, 3.460m de altitude. Levamos uma hora e meia (tempo médio, 30 min.), cochilamos 5 minutos, comemos barra de cereal e bolacha salgada, bebemos bebida isotônica. A água custava 500 ienes.

O alojamento estava cheio e precisava ser reservado com antecedência, assim como nas outras estações. Mas em volta das estações há alguns bancos para o descanso, porém quase sempre estavam ocupados.

Ainda bem que levamos um isolante térmico e usamos para cochilar no chão. Colocamos gorrinho, pois o frio estava intenso.

Respiramos oxigênio enlatado porque o ar estava rarefeito, as dores de cabeças eram muito intensas. Às 01h10 saímos da 9ª estação. A partir deste ponto a trilha é muito íngreme e às vezes foi preciso subir apoiando as mãos nas rochas e no chão.

Última Estação

Chegamos a 9,5ª estação, 3.590m de altitude. O cansaço era tanto que nos esquecemos de anotar a hora no caderninho. Comemos batatinha frita e barra de calorias, bebemos bebida isotônica e colocamos a calça da capa de chuva.

Aqui também o banheiro só funciona de dia. Uma garrafa de água custa 500 ienes.

Cada estação é na verdade uma casa adaptada com alojamento. Nos meses de neve, os moradores descem a montanha e vivem em suas outras casas. Não sabemos que horas saímos da estação.

A chegada ao topo do Monte Fuji

Às 03h54 chegamos a 10ª estação, topo do Monte Fuji, local mais alto do Japão com 3.776m de altitude.

Na face oeste da montanha há um restaurante simples, um alojamento, um posto dos correios e um templo. O japoneses chegavam e iam em direção ao templo para agradecer o sucesso na caminhada. Fomos também, esperando que os deuses budistas entendam agradecimentos em português hehehe.

O sol começou a aparecer (ou tentar, porque estava nublado) às 04h30. Muito vento forte e frio de 3 graus, com sensação térmica muito menor. Tomamos café para aquecer o corpo, mas o vento não deixou o café ter o efeito esperado.

O vento era tão forte que não dava nem para conversar direito. Não fomos para a face leste do pico, pois o tempo estava muito ruim. De lá mesmo ficamos esperando o sol nascer, mas o tempo não colaborou muito.

Andamos um pouco até um local mais a frente onde havia pouca gente. Quando o sol saia um pouco de trás das nuvens a galera começava a gritar e festejar. Foi um momento especial e inesquecível. Alguns russos (eu acho) cantavam e se abraçavam. Os japoneses tiravam fotos feito loucos. A gente só ficou admirando aquilo tudo boquiabertos

O ambiente era muito agradável. Mochileiros, aventureiros, pessoas que fizeram um enorme esforço só para estar lá em cima na hora do sol nascer.

Inexplicável como tantos desconhecidos se olhavam com uma cara de “temos algo em comum”. Esse é o espírito… Indescritível!

Cochilamos um pouco, cerca de meia hora. O vento estava muito forte e não encontramos um bom lugar para dormir então dormimos sentados encostados numas pedras ao lado dos banheiros. Nessa hora de cansaço, qualquer lugar servia.

Na lojinha/restaurante, compramos cartões postais e o certificado de conclusão da escalada, e mandamos os postais pela agência dos correios que tem lá em cima. Tiramos algumas fotos do portal típico dos templos japoneses, da vista lá em baixo, das instalações para atender os trekkers, do mapa do topo. O corpo já dava sinais de que era hora de descer.

A descida

Às 07h48 começamos a descer, demoramos seis horas e meia para ir do topo até a estação 5. A descida é uma tortura aos joelhos, pois a pressão dos passos montanha abaixo força muito o joelho e a dor é enorme.

Chegando na estação 5 e como prêmio, comemos um udon delicioso para repor as energias.

Na volta capotamos no ônibus e só acordamos na estação de trem Shin-Fuji. De lá foram mais 2 trens até em casa. Quando pisamos dentro de casa, a sensação foi de que a grandeza do Monte Fuji nos tornou maiores, pois tivemos a sensação de que o mundo havia encolhido…

Para planejar o Trekking no Monte Fuji:

Na mochila nós levamos: oxigênio suplementar enlatado, isolante térmico, 2 lanternas e pilhas reservas, kit de primeiros socorros, barras de cereais, 2 litros de água, bebida enriquecida com sais minerais, bolacha salgada, óculos de sol, protetor solar, caderno e lápis, máquina fotográfica, filmadora, bastão de trekking, chapéu, capa de chuva, troca de roupa extra, meias reservas, apito e bússola…

Para planejar sua viagem, leia aqui os nossos outros posts com dicas do Japão. Para escolher o seu hotel, veja aqui as opções de hospedagem em Fuji. E para reservar passeios e os transfers, veja as opções no Viator.

[su_gmap address=”Mount Fuji, Japan”]

Douglas e Julia

Bio de casal? Como assim? É que alguns textos foram escritos juntos, então aqui estamos nós. Julia é gaúcha que solta uns 'ô meu' e Douglas é paulista que manda uns 'bah tchê'. São formados em Turismo e Hotelaria com especialização em Marketing, amam viajar e criaram esse blog em 2005. Já viu, né, viagem é o assunto principal deles.

6 thoughts on “Trekking no Monte Fuji, Japão, para ver o sol nascer do topo

  • Olá casal.
    Nós começamos a subir quase no mesmo horário que vcs mas chegamos à 9ª estação quase 2 hrs antes que vcs. Certeza que o fato de ter subido rápido demais, com pouco ou nenhum descanso nas paradas prejudicou a minha subida.
    Mas pelo menos por agora não vou mais subir o Fuji, quem sabe um dia né? Tenho muitos outros planos!!!

    Muito obrigada pelo link!!

    abs

    • Douglas e Júlia Sawaki

      Oi Fernanda! De nada!

      Conhecemos gente que subiu mais rápido, mas devagar ajuda a adaptar ao ar rarefeito. Nós fomos devagar porque gostamos de fazer as viagens sem pressa, fotografando bastante.

      Vale a pena tentar de novo, a vista de lá de cima é incrível!

      Abraços!

  • Pessoal, parabéns pela descrição dos fatos!! Adorei…muito bom mesmo! É de grande valia pra quem pretende fazer o trajeto. Só uma questão que eu não consegui achar aqui e em nenhum outro site. Quantos KM são total de caminhada? Vcs fazem menção a altitude mas não vi Km percorrido. Talvez eu tenha perdido o ponto. Tem como me informar, por favor?

    Obrigada e aguardo

    • Douglas e Júlia Sawaki

      Oi Fernanda,

      Nós também não sabemos quantos km são no total. O que acontece é que é muito zigzag pra deixar de ser tão íngreme. Vamos ficar devendo essa informação.

  • Oi Fernanda,

    Nós também não sabemos quantos km são no total. O que acontece é que é muito zigzag pra deixar de ser tão íngreme. Vamos ficar devendo essa informação.

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