Reflexões

O bichinho da viagem não me picou

O post de hoje é sobre o tal bichinho da viagem, que quando te pica, você fica infectado para sempre. E acredite ou não, eu não fui picado pelo bichinho da viagem. Quer saber porque não?

Escrevi um post faz mais de 2 anos intitulado ‘E aí você descobre que viajar não é coisa só de rico‘ e ficou parecendo que meus pais são totalmente contra viajar. Mas justiça seja feita, eu sou o viajante que sou por causa deles.

O vírus do bichinho da viagem também pode ser hereditário

É claro que aos poucos fui definindo meu próprio jeito de viajar, misturando com o jeito de viajar da Jú. E essa transformação ainda não chegou e nunca vai chegar ao fim. Cada viagem me molda como um novo viajante.

Planeje a sua viagem pelos nossos links de afiliados: Hospedagem em Hotel ou Airbnb | Comparação de locadoras para aluguel de carro para viajar por aí | Seguro viagem internacional com 5% de desconto.

Segundo meu pai, eu viajo desde que eu era só um ‘bichinho’ 🙂 ou seja, desde quando ainda nem estava na barriga da minha mãe.

Sou o terceiro filho, e desde antes de ter o primeiro, eles já viajavam, acampando por 3 semanas seguidas, uma vez por ano. Quando juntavam 2 férias, ficavam quase 2 meses fora.

As viagens com a carreta vermelha

Eles eram associados do CCB – Camping Clube do Brasil – que tinha campings por todo o país e até uns na Argentina (hoje a rede de campings é bem menor). E quando os filhos vieram, eles continuaram acampando.

Tenho uma foto ainda na barriga da minha mãe, com todos ao lado da nossa antiga Brasília bege. Acho que o camping era em Caldas Novas.

Acampar com minha família era incrível. Nos primeiros anos a barraca era simples e espaçosa. Por semanas ela virava a nossa casa e meus pais faziam tudo para deixá-lá confortável.

A gente levava mesas, cadeiras e armários desmontáveis, mini geladeira, fogão de 2 bocas e todos os utensílios de cozinha. Ia tudo dentro da carretinha vermelha, puxada por carros que ainda vivem na minha memória. O Opala, a Brasília,  a Belina. Sempre com a carretinha vermelha atrás.

Quando as férias acabavam, sempre tinha aquela primeira aula onde a professora perguntava para cada aluno o que tínhamos feito. Lembro que meus amiguinhos ficavam maravilhados com minhas histórias, que na verdade se resumiam a: acampei na praia, soltei pipa, surfei (com uma prancha de isopor), pesquei e tomei sorvete.

Todos tinha uma vida normal e eu era o japonês que jogava beisebol e acampava com a família.

As viagens de camping-star

Alguns anos depois a barraca evoluiu e a carretinha vermelha deu lugar a uma camping-star, que era uma carreta-barraca. Quando se abria a tampa da carreta, a barraca magicamente aparecia já toda montada. Era muito mais espaçosa e mais fácil de arrumar tudo dentro.

Aí a brincadeira ficou séria. Começamos a levar televisão e vídeo game para acampar!

Quando o vírus se tornou permanente

Teve uma viagem com a camping-star que foi épica. Começamos em São Paulo e fomos até Natal.

Foram 4 dias de estrada, parando só para dormir. De Natal voltamos acampando em algumas cidades pelo caminho. Foram 2 meses de viagem passando por João Pessoa, Maceió, Aracaju, sul da Bahia, Vila Velha e Parati. Talvez tenha parado em alguma outra cidade, não lembro.

Foi a primeira vez no nordeste, primeira vez que vi dunas, baleias, macaquinhos (sagüi talvez), que ouvi sotaques muito diferentes…

Acho que foi nessa que o bichinho da viagem me picou, ou o vírus foi passado dos meus pais para mim.

Antes disso eu só queria voltar para Ubatuba todas as férias, ficar soltando pipa com a molecada que morava lá e também pegando onda. Mas depois da super viagem pelo nordeste os horizontes se ampliaram.

Quando eu vi no mapa o risco do nosso trajeto, descobri o poder que um mapa pode exercer na cabeça de uma pessoa. Pensei comigo mesmo: por que não riscar todo o mapa-mundi?

Quando comecei a ganhar meu próprio dinheiro e tive que escolher uma profissão, só tinha na cabeça uma coisa: a vontade de trabalhar ‘riscando o mapa’. E aí a escolha da profissão foi natural.

Hoje eu sei que eu não fui picado pelo bichinho da viagem, o meu vírus foi passado pelos meus pais.

Quem os vê hoje em dia não imagina isso, e sinceramente, espero que o vírus volte a se manifestar neles.

Ou que possa ser ‘hereditário ao contrário’.

Douglas Sawaki

Formado em Turismo e Hotelaria, com experiência em vendas e marketing na área do Turismo. Paulista que aprendeu a curtir São Paulo depois que deixou de ser um cara estressado. Meio sedentário, meio esportista, se é que você me entende.

One thought on “O bichinho da viagem não me picou

  • Sergio Henrique de Lima

    Linda história , parabéns

Fechado para comentários.